Potencial de sequestro de carbono em pastagens no Brasil Central

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            Áreas de pastagem, além da sua importância para a produção de alimentos (Carne e leite), possui destaque também como parte da solução contra as mudanças climáticas, tendo em vista o seu grande potencial em “sequestrar” dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e armazenar no solo na forma de carbono (C; Figura 01).

Figura 1: Esquema resumido do “sequestro” de carbono em pastagens

                                                                       Adaptado de Chabbi et al., 2023

            Alguns conceitos são importantes para melhor entendimento deste processo. O primeiro é que a respiração pelos microrganismos do solo ocorre de uma forma relativamente constante, portanto, a emissão de CO2 do solo está “sempre” acontecendo. Dessa maneira, para que ocorra aumento na quantidade de C no solo, é necessário que o aporte de C que chega para ser decomposto, seja relativamente maior que a respiração dos microrganismos.

            Embora a biomassa aérea da forrageira que não é consumida no pastejo, bem como as excretas dos animais tenham a sua contribuição, a principal fonte de C que chega ao solo é proveniente da biomassa de raízes. Conforme a forrageira se torna mais produtiva, a produção de raízes também aumenta, o que é positivo do ponto de vista zootécnico (mais carne ou mais leite por hectare) e de aumento nos estoques de carbono no solo (Figura 2).

                                    Figura 2: Produção de biomassa acima e abaixo do solo pelas forrageiras.

                                    Forage Drops, 2022

            Embora em condições extremas, do ponto de vista negativo e positivo, pastagens possam perder ou acumular 2 ton C.ha-1.ano-1, valores medianos, próximos de 0,5 ton.ha-1.ano-1 são mais comuns de ocorrerem (Da Silva et al., 2022; Tabela 1).

Tabela 1: Taxas de sequestro de carbono de acordo ao manejo das pastagens em região amazônica, de cerrado e mata atlântica.

Uso da terra

Variação de C, 0 -30 cm (ton C. ha-1. ano-1)

Referência

Pastagem degradada

-0,30

Oliveira et al., 2022

Pastagem degradada

-0,28

Maia et al., 2009

Pastagem degradada

-0,27

Maia et al., 2009

Pastagem nominal

-0,03

Maia et al., 2009

Pastagem nominal

+0,28

Oliveira et al., 2022

Pastagem nominal

+0,72

Maia et al., 2009

Pastagem melhorada

+0,22

Oliveira et al., 2022

Pastagem melhorada

+0,61

Maia et al., 2009

Pastagem recuperada

+0,42

Oliveira et al., 2022

            Quando a pastagem está degradada, ocorre a perda de carbono pelo solo. Já em pastagem “nominal”, aquela que não está degradada e que também não possui um manejo refinado, pode ocorrer uma pequena perda ou mesmo acúmulo C em quantidades medianas. Quando se trata de pastagem melhorada, com manejo do pastejo adequado e utilização de insumos, os estoques de carbono no solo aumentam em taxas mais elevadas.

            Vale destacar que outros fatores, como umidade, temperatura, pH, disponibilidade de N, textura e tipo de solo etc, influenciam no potencial de sequestrar e armazenar C em áreas de pastagem, podendo em algumas situações ocorrer elevado acúmulo de C mesmo sem um manejo tão refinado da área, o inverso também é verdadeiro.

 

Referências Bibliográficas

CHABBI, Abad et al. Managing grasslands to optimize soil carbon sequestration. 2023.

DA SILVA, Hiran MS et al. Greenhouse gas mitigation and carbon sequestration potential in humid grassland ecosystems in Brazil: A review. Journal of Environmental Management, v. 323, p. 116269, 2022.

FORAGE DROPS , 2022. https://www.youtube.com/watch?v=HIxc4nhazzc

MAIA, Stoécio MF et al. Effect of grassland management on soil carbon sequestration in Rondônia and Mato Grosso states, Brazil. Geoderma, v. 149, n. 1-2, p. 84-91, 2009.

OLIVEIRA, Daniele Costa et al. Changes in soil carbon and soil carbon sequestration potential under different types of pasture management in Brazil. Regional Environmental Change, v. 22, n. 3, p. 87, 2022.

Published on: julho 22, 2024